As transformações na economia não acontecem num vácuo cultural, tal é o legado de Weber. E logo aqui se percebe a oposição problemática entre os estudos ditos “materiais” e os estudos ditos “simbólicos” no que respeita ao estudo do capitalismo. As transformações no sistema capitalista também não ocorrem à margem dos actores e das suas estruturas socio-cognitivas.
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A utilização do conceito-chapéu de regime retoma a intuição marxista de que os sistemas económicos não se reproduzem por si só, desinseridos de relações sociais e de instituições historicamente mutáveis (Rodrigues, 1987). Este texto assume, portanto, uma abordagem que considera a articulação entre: um regime de acumulação formado a partir da institucionalização de sistemas de coordenação e regulação que poderão estabilizar a modernização capitalista (Harvey, 1990); um regime de justificação que indexa o capitalismo a codificações filosóficas do bem comum e que fornece incentivos simbólicos consonantes com expectativas normativas (Boltanski e Chiapello, 1999); e um regime socio-cognitivo tecido a partir dos habitus dos agentes que, simultaneamente, são estruturados pela e accionam a estrutura económica. É nesta articulação que se joga a resposta ao problema multi-facetado da regulação capitalista (que é de certa forma coincidente com o problema da integração) que pode ser sucessivamente recolocado e examinado de vários pontos de vista (económico, cultural, socio-cognitivo).
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