sexta-feira, 15 de junho de 2007

Primeiro dia do resto da vida de um Rivoli

Sobre esta questão:

uma coisa é a gestão de equipamentos culturais públicos com a participação de privados, que de acordo com a democracia cultural é assim que deverá ser.mas como o senhor que está à frente da CMP não defende a democracia cultural (e tenho duvidas que defenda a democratização cultural) faz uma coisa à la americanada (tipico de quem não tem sentido crítico nenhum) que é ceder esse equipamento cultural à gestão de um privado, significando isso 2 coisas:- afastamento completo da participação dos diferentes agentes culturais (privados e públicos) na gestão e programação do espaço- qualquer possibilidade de crítica às orientações culturais seguidas, pois o espaço é cedido por um período de tempo, de forma contratual, sendo que, qualquer mudança democrática, a que as câmaras estão sujeitas, deixa de acontecer no âmbito daquele equipamento. Ou seja, sendo um equipamento público, em teoria deveriam ser os eleitores a decidirem sobre o programa de política cultural que é proposto à cidade. Se fosse um equipamento privado, tipo Coliseu dos Recreios de Lisboa, não teria absolutamente nada a dizer, mas o Rivoli não é.

Primeiro dia do resto da vida do Rivoli
Do Norte 86% dos artistas
Marta Neves
Édebaixo de uma crescente polémica que o musical "Jesus Cristo Superstar" - que mostra uma visão controversa da vida de Cristo, através dos olhos de Judas Escariotes -, reabre hoje as portas do Teatro Municipal Rivoli, no Porto. Para a sessão de estreia das 21.30 horas, dirigida apenas a convidados de uma revista e de um canal de televisão - só amanhã a peça estará aberta ao público pagante -, o encenador Filipe La Féria terá que contar com uma manifestação de desagrado (20.30 horas, Praça D. João I) de cidadãos que pretendem "protestar contra a política de Rui Rio [presidente da Câmara do Porto], que quer alienar o teatro municipal e transformar um bem comum numa empresa comercial, em proveito dum merceeiro-mercenário do espectáculo" (ver texto em baixo).A este cenário inusitado junta-se o facto de a estreia acontecer numa altura em que ainda decorrem duas providências cautelares (do PS e da Plateia, Associação de Profissionais das Artes Cénicas) que intentam suspender a entrega da gestão do Rivoli a La Féria.'Espectáculo de referência' Debaixo deste quadro, Filipe La Féria não anunciou quanto tempo poderá "Jesus Cristo Superstar" ficar em cena. O encenador espera que a peça se mantenha "por vários meses", à semelhança do que aconteceu em Lisboa com "Amália" (seis anos) e "Música no Coração" (há nove meses com casa cheia no Politeama). De resto, a adesão do público ditará também a sorte do Pequeno Auditório do Rivoli - se a resposta for positiva, o teatro acolherá, em Setembro, "O Principezinho".La Féria está confiante "É um dos melhores espectáculos da minha vida. Vou concretizar um sonho e fazer esta peça, porque é um espectáculo de referência", sublinhou.'Encenação amargurada' "Jesus Cristo Superstar", que tem um orçamento de 2,5 milhões de euros, é um musical inscrito na categoria ópera rock. A versão portuguesa da criação de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber retrata os últimos dias da vida na Terra do filho de Deus. Contudo, em vez de relatar "a maior história de todos os tempos" de forma tradicional, o encenador português concedeu contemporaneidade ao enredo. "É uma encenação violenta e mais amargurada", avisa La Féria. Completamente diferente daquela que o emocionou em Londres, quando tinha 20 anos."Nos anos 70 havia outra visão da vida. Hoje, há guerras santas; há a administração Bush; houve o 11 de Setembro; e há um enorme fundamentalismo religioso. Mas este é o Jesus de hoje, sem nunca atraiçoar as palavras de Tim Rice", concluiu.No espectáculo, que se realiza de terça a domingo (bilhetes entre 10 e 35 euros) , La Féria divide a adaptação do texto com António Leal, e é ainda responsável pelo espaço cénico, figurinos, luz e direcção de montagem. A direcção musical é de Telmo Lopes e a direcção de vozes de António Leal. Inna Lisnyak assina a coreografia em que participam dez bailarinos portuenses.Depois de três audições em que participaram mais de 400 candidatos, foram apurados 54 cantores, actores, bailarinos e músicos, numa percentagem de 86% de artistas do Norte. La Féria mostrou-se surpreendido com a qualidade vocal dos intérpretes, muitos dos quais preparados em escolas de Nova Iorque e Londres, mas também na Academia de Música de Vilar do Paraíso, no Conservatório de Música do Porto e na Escola Superior de Música e Artes do Espectáculo.http://jn.sapo.pt/2007/06/14/cultura/prime...ida_rivoli.html
Protesto à porta da estreia
leonel de castro
Praça D.João I, em frente ao Rivoli, é o local escolhido para o protesto
Vão estar identificados com um "R" os manifestantes que hoje, às 20.30 horas, vão concentrar-se na Praça D. João I, no Porto, em protesto contra a entrega da concessão do Teatro Rivoli a Filipe La Féria. O 'timing' do acto foi pensado precisamente para o dia em que o encenador lisboeta estreia a peça "Jesus Cristo Superstar"."Um teatro municipal deve ser palco da diversidade da cidade e do mundo e não pode ficar refém de uma agenda pessoal financeiramente extravagante", refere um texto anónimo enviado, ontem, às redacções. Ao JN, Sérgio Marques, auto-intitulado produtor cultural do Porto, explicou que a manifestação "será feita em silêncio" e que "são esperadas muitas pessoas". Isabel Alves Costa, ex-directora do Rivoli, será um das figuras presentes, segundo Sérgio Marques, tal como Francisco Alves, director do Teatro Plástico, ou ainda Regina Guimarães. Estes dois últimos, refira-se, integraram o grupo de pessoas que ocuparam as instalações do teatro no auge da contestação à decisão de Rui Rio de o privatizar."Nem a chuva nem a tenda VIP nos desmobilizam. Todos os que queiram participar devem dirigir-se às arcadas do Palácio Atlântico, onde os organizadores indicam o local do protesto", refere o mesmo comunicado. http://jn.sapo.pt/2007/06/14/cultura/prote...ta_estreia.html
Silêncio na estreia de La Féria, Jornal Notícias de 15-06-2007
Manifestação sem alarido contra cedência do Teatro Municipal Rivoli acaba com vaias e assobios a Rui Rio.

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