sexta-feira, 4 de abril de 2008

Música: Mercado português sofreu quebra de 6,1 M€ em 2007


A venda de música no mercado português em formato áudio e digital sofreu uma quebra de 6,1 milhões de euros (M€) em 2007, com as editoras a facturarem um total de 44,5 M€, revelou hoje a Associação Fonográfica Portuguesa (AFP).

No ano passado, as editoras discográficas facturaram cerca de 44,5 M€ com venda de música, sobretudo em CD e em digital, menos 12 por cento do que em 2006, ano em que a facturação ultrapassou os 50,6 M€.

«Estamos perante um quadro de evolução complicado, depressivo. Vamos acumulando perdas ano após ano sem haver um correspondente aumento do mercado digital que alivie perspectivas para o futuro», afirmou à agência Lusa o presidente da AFP, Eduardo Simões.

De acordo com o relatório da AFP sobre o mercado discográfico, em 2007 venderam-se 7,9 milhões de unidades de álbuns discográficos, com o suporte CD ainda a dominar as vendas (6,7 milhões).

No que toca a lançamentos discográficos, na edição de música portuguesa, predominam os álbuns de pop/rock, que renderam 4,2 M€ de facturação para as editoras, seguindo-se a música ligeira (1,8 M€) e o fado (1,3 M€).

O mesmo acontece quando se fala na edição discográfica de grupos e artistas estrangeiros em Portugal, com o pop/rock a ser o mais lucrativo, com 14,5 M€, muito à frente dos 1,1 M€ de facturação com a música clássica.

Apesar da quebra que a indústria discográfica sofreu em 2007, a venda de música exclusivamente em formato digital registou um aumento de 2,1 M€ para 2,6 M€, com 225.433 descarregamentos (downloads) legais.

A maior fatia nesta área foi para os conteúdos de música para telemóveis - 1,9 milhões de unidades -, a maioria toques telefónicos pagos (1,2 milhões de unidades), que renderam 1,6 milhões de euros.

Nas vendas de música em formato digital, o consumidor preferiu comprar singles (202.581 unidades) em vez de descarregar álbuns inteiros (18.971).

A Sony/BMG liderou o mercado em 2007, com 18,6 por cento do total de facturação, seguindo-se a Universal (18,2 por cento), e a EMI (14,8 por cento).

No mercado audiovisual, dominado pela venda de DVD musicais, registou-se uma descida de 7,9 M€ de facturação em 2006 para 6,1 M€ no ano seguinte.

Para Eduardo Simões, o único segmento de mercado onde tudo está a correr bem é o do toque dos telemóveis e deveria estar a acontecer o mesmo no que toca à restante venda de música digital.

«Não é possível que isso aconteça quando o consumidor recorrer aos sistemas de partilha de ficheiros não autorizados. É impossível ter uma loja que vende um produto, por mais barato que seja, ao lado de uma outra que dá de graça», criticou o responsável da AFP.

Perante este cenário do mercado discográfico português - que se apresenta «pior do que a conjuntura internacional» -, Eduardo Simões afirma ainda que «está quase tudo por fazer relativamente à piratairia digital».

«A nível internacional o quadro não é tão gravoso porque nalguns países estão a ser dados passos decisivos no combate à pirataria e onde o mercado digital já funciona, como nos Estados Unidos Alemanha, França e Reino Unido», disse.

Segundo Eduardo Simões, a AFP está a tentar sensibilizar o Ministério da Cultura para que seja adoptado um sistema em que os utilizadores que pirateiam sejam notificados e possam ver a sua conta suspensa ou terminada.

«Para isso seria preciso criar uma entidade reguladora, com titulares de direitos de autores, dos software, de associações de consumidores e um quadro normativo que regulamente essa entidade e com um magistrado independente», reforçou Eduardo Simões.

Quanto às editoras discográficas, o responsável da AFP aconselha-as a continuarem a «procurar novos talentos que agradem os públicos e a fazer toda a pressão junto da autoridades para que olhem seriamente para os downloads ilegais».

Diário Digital / Lusa


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