domingo, 13 de abril de 2008

Live Nation, o novo gigante da indústria musical


TIAGO PEREIRA


Promotora está avaliada em 2,7 mil milhões de euros

Desde 2005 que é uma das mais prestigiadas promotoras de espectáculos de grandes dimensões, sem concentrar apenas a sua actividade nos concertos ao vivo. Mas com o acordo milionário que estabeleceu com Madonna, no final do ano passado, afirmou-se como o novo gigante da indústria musical. E os recentes contratos assinados com gente tão influente como os U2 ou Jay-Z prometem uma actividade contínua e crescente. A Live Nation representa, hoje, a vanguarda dos novos negócios de uma indústria que, nesta empresa, encontra referência a seguir.

No início existia a Clear Channel Communications, um grupo de media que reunia, sob sua alçada, estações de rádio, televisão, espaços publicitários em outdoor e a produção de espectáculos de entretenimento. Tal como viria a fazer com os canais televisivos que possuía (vendidos, no início deste ano, ao grupo Newport Television), a Clear Channel viu a fatia de negócio que tinha como base os grandes palcos transformar-se numa empresa independente. A Live Nation nasce em 2005. Imediatamente cotada na bolsa, produziu 28 500 eventos no seu primeiro ano de existência (congregando mais de 61 milhões de espectadores), entre con-certos, espectáculos de teatro (nestes incluem-se eventos como as apresentações do célebre Cirque du Soleil) e até eventos desportivos (sobretudo relacionados com o mundo automóvel).

Apesar da multidisciplinariedade das suas funções, a Live Nation concentrou esforços na indústria musical. Detém 117 salas de espectáculo, 75 nos EUA e 42 fora de terras americanas, e é a promotora prioritária em 33 espaços adicionais. E ainda que os EUA sejam mercado preferencial, o gigante do entretenimento gerido por Michael Rapino e Michael Cohl (avaliado em mais de 2,7 mil milhões de euros) tem existência paralela no Reino Unido, através da Live Nation UK. Em terras britânicas é gestora de 25 das mais importantes salas de espectáculo (como o Empire Theatre, em Liverpool ou o Dominion Theatre, de Londres). Ao mesmo tempo, controla, em boa parte, a realização de festivais de música como o Reading/Leeds ou mesmo o mítico Glastonbury.

A 16 de Outubro do ano passado, a Live Nation transformou por completo o rosto da sua actividade. Criou a divisão Artist Nation (hoje rebaptizada como Live Nation Artists) e contratou, como primeiro nome, Madonna, que então reflectia sobre o seu futuro editorial, com o eminente final do contrato com a Warner. São dez anos de acordo que abrangem todas as dimensões: álbuns, digressões, merchandising, conteúdos digitais e mesmo os acordos publicitários. Um total de 120 milhões de dólares em jogo (mais de 75 milhões de euros). Seguiram-se os U2 que, apesar de manterem a edição e distribuição discográfica nas mãos da Universal, têm agora os concertos, o merchandising e o website incluídos na gestão da Live Nation. Um contrato de 12 anos com uma das bandas mais rentáveis do mundo, cujos valores não foram revelados. No passado dia 3, o rapper, produtor e editor Jay-Z ultrapas- sou os valores de Madonna, ao receber 150 milhões de dólares (94 milhões de euros) para gerir toda a sua carreira.

A Live Nation conta ainda com a actividade da subsidiária Instant Live. Em 2003 era uma pequena editora que operava na área de Boston, gravando concertos e colocando-os à venda pouco depois do final do espectáculo (procurando receitas extra e lutando contra a pirataria). Hoje, desenvolve a mesma actividade por todo o mundo, com nomes como os Bauhaus, Black Crowes, The Cult ou Echo&The Bunnymen.

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