A Internet na gestão dos movimentos sociais
Estudo de caso das estratégias discursivas da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança
Juciano de Sousa Lacerda[1]
Na era da globalização, não basta realizar atividades concretas de cidadania, é preciso estar presente no imaginário social. Os diversos campos sociais elaboram estratégias para estarem presentes na mídia, porta-voz desta era. Os movimentos sociais e Organizações Não-Governamentais buscam essa visibilidade midiática como maneira de pressionar governos, partidos políticos e o mercado em relação à agenda social global. Ao mesmo tempo em que conseguem realizar essa pressão, projetam-se no espaço social e ganham em credibilidade, ao mostrar maior transparência administrativa na gestão de recursos financeiros. Maria da Glória Gohn identifica essa realidade em sua Teoria dos Movimentos Sociais.
“O tempo se altera em função dos novos meios de comunicação. A mídia, principalmente a TV e os jornais da grande imprensa, passa a ser um grande agente de pressão social, uma espécie de quarto poder, que funciona como termômetro do poder de pressão dos grupos que têm acesso àqueles meios. As Organizações Não-Governamentais, por sua vez, ganham proeminência sobre as instituições oficiais quanto à confiabilidade na gerência dos recursos públicos” (GOHN, 1997: 296).
Ela lembra ainda que, nos anos 90, as ONGs passam a ter infra-estruturas próprias e a contar com microcomputadores e redes de Internet (1997: 315). Esta mídia configurou-se como grande aliada dos movimentos sociais. Aqui vale lembrar o caso de Seattle, em novembro de 1999, quando os movimentos sociais levaram ao fracasso a “Rodada do Milênio” realizada pela Organização Mundial do Comércio. Naquele momento, dois instrumentos amplamente utilizados pelos movimentos sociais foram celulares e a Internet.
“A notícia se difundiu com rapidez pela cidade e por todo o EUA. De imediato se organizaram várias festas. A principal delas, que reuniu milhares de pessoas, aconteceu em frente ao presídio King Country onde permaneciam presos aproximadamente 30 manifestantes” (CEPAT, nº 57, 1999: 10).
Estratégico também foi o modo como os guerrilheiros Zapatistas, de Chiapas, México, que lutavam contra as condições impostas ao seu país pelo Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), utilizaram a mídia Internet para divulgar suas idéias, o que causou um movimento internacional de opinião pública obrigando o presidente mexicano, Carlos Salinas de Gortari, a declarar o cessar fogo e negociar (CASTELLS, 2000: 97-108).
Esse potencial pode ter seu uso estratégico ampliado dentro da sociedade civil, com a participação de comunicadores que reconheçam seu papel social na Sociedade da Informação. Caso contrário, como dispositivo midiático, a Internet pode tornar-se um instrumento de comunicação de massa monopolizado como o são hoje as empresas da indústria cultural e do entretenimento, vide os grandes portais (no Brasil UOL, Globo.com, Terra, AOL) que querem reproduzir o monopólio cultural que já exercem no espaço da mídia tradicional. Os avanços tecnológicos da nova mídia correm um grande risco de serem desenvolvidos tendo em vista somente estratégias comerciais transnacionais – como o comércio eletrônico (e-commerce) entre empresas (bussiness to bussiness) ou usuários – e a expansão dos grandes grupos que atuam na área da comunicação tradicional e da telefonia. Assim sendo, amplia-se a exclusão social, levantando a dura possibilidade de deixar de fora desse processo da Sociedade da Informação povos inteiros e países atrasados tecnologicamente.
“Os 20% mais ricos da população mundial controla (sic) 93% dos acessos à rede mundial. (...) Duas das grandes esperanças para reduzir esta desigualdade – a Internet e a globalização – estão, no momento, conseguindo o efeito contrário ao agravar a brecha.” (CEPAT, nº 53, 1999: 41-42).
. Estamos diante de uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede, marcada por uma “cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado” (CASTELLS, 2000: 17). Dentro desta realidade, Castells define movimentos sociais como “ações coletivas com um determinado propósito cujo resultado, tanto em caso de sucesso como de fracasso, transforma os valores e instituições da sociedade” (Idem: 20). Na sociedade civil, a formação dos grupos sociais, em nosso caso ONGs e movimentos sociais, se dá por identidade, que nem sempre é territorial, mas cujos propósitos, sejam de “resistência" ou de “projeto” (Idem: 24), fazem transpor limites geográficos.
Na configuração da sociedade em rede, é necessário compreender as diferentes estratégias de apropriação e gestão da mídia internet, no contexto da sociedade da informação, por parte dos movimentos sociais e ONGs. Assim sendo, estabelecemos o caso específico de um movimento social, a Rede de Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança (RBCSC), em que a Internet, em sua face midiática ou multimidiática, configura-se como um importante meio de gestão da comunicação e mobilização entre participantes, públicos-alvo e gerenciamento de ações na comunicação de massa, macro e micro-comunicação. A RBCSC, que a partir de agora denominaremos REDE, atua junto à ONG Pastoral da Criança[2], organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
O foco de investigação
A partir da perspectiva apresentada, nos propomos a estudar a Internet, em suas diversas possibilidades tecno-multimidiáticas (o rádio, o impresso e a imagem na web, e-mail, e-commerce, chat, newsgroups, listas de discussão, etc.), dentro do contexto sócio-cultural dos movimentos sociais e ONGs, tendo como estudo de caso a Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, da Pastoral da Criança, buscando compreender as estratégias e seu papel na gestão, mobilização e expressão do que se constitui como Terceiro Setor, na perspectiva de entender a Internet como mídia no que se configura hoje como Sociedade da Informação. Parece claro, como diz SERRA & NAVARRO, que do ponto de vista tecnológico a unidade básica da Sociedade da Informação, são os bits, peça nuclear do novo sistema técnico. Porém qual é a célula básica do ponto de vista social? Podemos dizer que são as demandas sócio-tecnológicas geradas nas trocas simbólicas dentro do espaço social, e aqui citamos a sociedade civil organizada, que influenciam na geração de novas infra-estruturas tecnológicas. Mas somente construindo um conhecimento sobre essas trocas simbólicas e demandas sócio-tecnológicas é que vamos legitimar as novas tecnologias da comunicação e da informação, neste caso a Internet, nos contextos sócio-culturais dos movimentos sociais e ONGs. E para isso, vemos como um caminho possível, analisar o modo como se processa entre os comunicadores da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança a apropriação da Internet na elaboração de estratégias e construção de conhecimento enquanto movimento social, na forma de comunidade virtual.
E apesar de a Internet ser uma mídia estratégica como espaço público de informação, de fortalecimento de laços de identidade, a sub ou má-utilização de suas potencialidades tem gerado problemas para a comunicação da REDE, que também se estende a outras práticas similares. São mensagens indesejadas e spams, com conteúdo particular mas enviada para todos (for ou reply all), duplicadas ou triplicadas, com vírus, por não haver critérios de gerenciamento da informação. Entre seus membros também encontramos muitos que têm dificuldades em gerenciar os dispositivos midiáticos da Internet como o e-mail, o chat e o ICQ, porque não há dentro da prática comunicacional da REDE uma preparação anterior que introduza o participante nesse processo de comunicação em rede via Internet. No caso do e-mail, dispositivo chave para uma lista de discussão, a falta de habilidade ou interesse em envolver-se com a tecnologia leva integrantes da REDE a enviar mensagens curtas sobrecarregadas de lixo (lista de endereços e mensagens anteriores, códigos irrecuperados etc.). Também há casos em que arquivos anexos não chegam ao destinatário ou, quando chegam, trazem falhas internas de attachment, o que impede seu uso nas ações estratégias de comunicação da REDE. Fatos como esses já chegaram a fazer com que pessoas pedissem para que seu e-mail fosse excluído de outra lista de discussão, a da Rede de Brasileira de Jovens Comunicadores, da União Cristã Brasileira de Comunicação. A REDE não foge a essa regra e, em vez de ganhar estrategicamente com o uso da Internet na articulação de suas atividades de comunicação, corre o risco de continuar sub-utilizando a Internet e acabar desmobilizando seus integrantes no campo das relações (afetivo) e das ações na área do Rádio, Assessoria e Mobilização e Comunicação Pessoal e Grupal (efetivo).
Diante disso, queremos analisar as estratégias de utilização da Internet pela REDE, a partir de uma perspectiva crítica, buscando, inclusive, apontar caminhos em relação à prática atual. Ao estudar a Rede de Comunicadores a partir da construção de sentido que realiza através da Internet, o nosso recorte se dará em três dimensões: do discurso em produção, da tecnologia midiática e dos aspectos contextuais semio-discursivos. No âmbito da produção, abordaremos as relações entre aspectos institucionais e enunciação, ou seja, a produção do discurso recortada pelos aspectos institucionais que regem a prática da Pastoral da Criança (saúde das crianças, autonomia, mobilização social, mística/promoção humana, capacitação dos agentes, cidadania). Na dimensão tecnológica, analisaremos a Internet tomando como referência principal a Lista de Discussão da Rede (comunicalist@rebidia.org.br), a partir da noção de “dispositivo midiático”, contida no conceito de comunicação mediatizada (PERAYA, s.d.). Quanto aos aspectos contextuais semio-discursivos, elegemos a tematização (os conteúdos presentes na interdiscursividade) e a forma discursiva (se é dialógica, descritiva, argumentativa ou retórica).
Dentro deste recorte, queremos perceber as interações midiatizadas pela Internet como forma de produzir sentido capaz de romper com a dicotomia produção/recepção imposta a veículos como o Rádio e TV pelos agentes culturais e gestores de comunicação/educação ligados aos movimentos sociais (SOARES in http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html). Nesta perspectiva, trabalhamos com a hipótese de que o discurso produzido pela Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança é tensionado pela compreensão que os participantes têm da “economia” do dispositivo midiático “lista de discussão” e de estar em rede via Internet.
Assim, vamos estudar o discurso organizacional, pedagógico e informativo da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança e suas relações quanto à tematização e a forma como se apresentam os discursos a partir do dispositivo midiático “Lista de discussão”. O discurso organizacional através das relações entre a forma e a temática da autonomia e a da mística/promoção humana. O discurso pedagógico da REDE através das relações entre a forma discursiva e a temática da capacitação dos agentes e das ações básicas de saúde da criança. E o discurso informativo através das relações entre forma discursiva construída na enunciação e a temática da mobilização social e a da cidadania na REDE.
O balanço da REDE
Mais de 500 voluntários, entre jornalistas, relações públicas, radialistas, artistas e comunicadores populares, participam da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, presente em 25 estados brasileiros. As atividades estão divididas em três áreas: rádio, assessoria e mobilização social e comunicação pessoal e grupal, dentro do modelo de comunicação pensado por José Bernardo Toro A. (1997: 55-63) para o processo de mobilização social (comunicação de massa, macro e micro). Nessas três linhas de ação, um dos objetivos é capacitar membros das equipes locais (dioceses e paróquias), para que munidos das informações mais relevantes de seu contexto possam socializar as informações da comunidade. Outro objetivo da REDE é atuar junto aos meios hegemônicos de comunicação, negociando a abertura de espaços para que a ação comunitária tenha visibilidade social, ou seja, dar legitimidade social à ação das líderes que estão na base. Em contrapartida, a Pastoral da Criança oferece aos comunicadores reciclagem profissional nas diferentes áreas da comunicação. Contudo não é só a possibilidade de reciclagem que motiva ou gera identidade no trabalho da RBCSC, mas a forma de organização e mobilização social da Pastoral da Criança e os resultados sociais alcançados.
A REDE é coordenada pela equipe de assessores de comunicação da coordenação nacional da Pastoral da Criança, formada por três jornalistas, que atuam na sede, em Curitiba (PR). Em quase todos os Estados do Brasil (atualmente 25, do 27 da Federação) há um representante estadual para Rádio, outro para Assessoria e Mobilização e um outro para Comunicação Pessoal e Grupal. Estes, com a equipe de assessores, formam a coordenação nacional da REDE. Por sua vez, seguindo o modelo de divisão da Igreja Católica, os coordenadores estaduais de cada área e os comunicadores das dioceses formam a REDE estadual. E os coordenadores diocesanos, junto com os comunicadores paroquiais, formam a REDE diocesana.
Dentro desse processo sócio-cultural da REDE, a Internet, a mais recente das mídias incorporadas pela Pastoral da Criança, é estratégica por facilitar o amplo contato entre seus interlocutores, principalmente, no nível nacional/estadual. Isso possibilita o envio de matérias para o Jornal da Pastoral da Criança, pautas para o Viva a Vida, o agendamento de encontros, eventos e coberturas jornalísticas, a discussão sobre a produção de subsídios para formação e, também, a aproximação entre os membros da REDE, que compartilham experiências de vida, alegrias e decepções com os demais companheiros.
A Pastoral da Criança investiu na informatização de todos os seus dados e, em parceria com outras instituições (Fundação Grupo Esquel do Brasil e Fundação Fé e Alegria do Brasil/AMEPPE), criou a REBIDIA - Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre Infância e Adolescência (www.rebidia.org.br). Trata-se de um sistema descentralizado de documentação e informação sobre infância e adolescência, gerenciado por uma rede de organizações não-governamentais. No site da Rebidia, que segundo Rabelo (1999) se configura como mídia de comunicação macro, podem ser acessados dados sobre demonstrações financeiras, o relatório da situação de Abrangência, ações básicas, números da mortalidade infantil, rede de amigos, Rede de Comunicadores, publicações da Pastoral, o Jornal da Pastoral da Criança, serviço de busca de estatísticas por municípios e dioceses, endereços, número de conta bancária para doações, informações sobre a participação da Pastoral no programa Criança Esperança (Rede Globo) e apoios. Os textos estão em três versões: português, inglês espanhol.
É claro que não se pode deixar o papel de toda a gestão de um movimento social e o fortalecimento de seus laços identitários para a Internet. Em matéria publicada na Revista do Terceiro Setor (www.rits.org.br), com título Rede Temática sobre Violência, Justiça e Cidadania, a monitora de Educação Comunitária do Programa de Redes Sociais do SENAC-SP, Lourdes Alves, ressalta a importância da participação física dos agentes: “A base é presencial: o virtual é importante, mas para organizar”. Dentro dessa perspectiva, os membros da REDE realizam um encontro anual para avaliação e proposição de metas. Os que estão mais próximos se encontram quando vão ministrar capacitações em Estados vizinhos. Mas durante todo o resto do ano, comunicam-se por telefone, fax, correio e, principalmente, por e-mail, através de uma lista de discussão, a comunicalist@rebidia.org.br.
Entretanto, nosso estudo não pretende se limitar ao uso técnico das tecnologias proporcionadas pela multiface e hipertextualidade da Internet, uma vez que a
“Internet não se resume aos protocolos TCP-IP. É uma comunidade de comunidades em si mesma. Os protocolos são utilizados para se existir na Internet, para estar na rede. As empresas querem ‘estar’ na Internet. As organizações querem uma presença na rede. Este novo lugar da Internet como praça pública digital é a que atrai o interesse da indústria por fazer uma revolução das infra-estruturas, não o contrário. É a Internet como um fenômeno sócio-tecnológico que está forçando a busca por estabelecer uma nova infra-estrutura de informação” (SERRA & NAVARRO, s.d.).[3]
Lugares de interação
Com o advento das novas tecnologias em comunicação e o grande desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, elementos que puderam originar a chamada Sociedade da Informação, pensamos ser necessário compreender esta construção ideológica dentro do novo espaço social gerado por esta sociedade: o ciberespaço. É este novo lugar, proporcionado pela comunicação em rede, que faz surgir os ciberlugares, os territórios digitais, que geram as comunidades virtuais, lugar onde se confundem sujeitos simbólicos produtores de sentido e que reduz a distância entre emissão e recepção, no que se pode chamar de interatividade. Neste contexto surge a “cultura digital”, que “define em síntese, o novo contexto tecnológico das sociedades onde a informática joga um papel paradigmático, através de procedimentos...” em que “a informação numérica, visual, textual, gráfica etc. pode ser recolhida, armazenada, processada e transmitida em um mesmo formato digital, o que significa sua estandardização perfeita” (APARICI, 1999: 57).
Neste período de intensas e surpreendentes transformações tecnológicas, vemos a reestruturação do capitalismo e o fortalecimento da sociedade civil, representada pelos movimentos sociais e ONGs. É neste panorama que se configura a transição para a “Sociedade em Rede”, cuja configuração é analisada por Manuel Castells.
“Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico; por sua forma de organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego e a individualização da mão-de-obra. Por uma cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado. E pela transformação das bases materiais da vida – o tempo e o espaço – mediante a criação de um espaço de fluxos e de um tempo intemporal como expressões das atividades e elites dominantes” (2000: 17).
Dentro dessa sociedade em rede, a organização da sociedade civil se distancia da identidade “legitimadora” do estado em direção a identidades de “resistência” e de “projeto” (Castells, 2000). Vemos, então, que
“a multiplicação de formas de comunicação, acionadas pelas organizações não-governamentais ou por outras associações da sociedade civil, constitui outra realidade inédita do processo de mundialização; essas novas redes sociais passam a fazer parte do debate sobre a possibilidade de um espaço público em escala planetária. Em todas as latitudes, a problemática da transformação do espaço público nacional e internacional, tende, aliás, a ocupar lugar de destaque nas abordagens críticas inspiradas pela sociologia, pela ciência política e pela economia política” (MATTELART, 1999: 170).
Territórios e dispositivos digitais
Para Duarte (1999: 28), o “ciberespaço” torna possível a criação de “ciberlugares”, que são independentes de posições geográficas. Neste caso é a identidade que faz as pessoas de diferentes lugares se aproximarem através da Internet.
“Um exemplo marcante de ciberlugares é a formação de comunidades virtuais, pessoas que se conectam, formam grupos de discussão, trocam informações, enfim, aproximam-se por afinidades que não ligadas a suas localizações geográficas. Vivem, comunicam-se, trocam experiências em territórios digitais. [...] No caso das comunidades do ciberespaço, esse território é construído através de afinidades distintas das que formam os territórios com dependência geográfica e/ou política” (DUARTE, 1999: 28)
Ele acrescenta que sendo a Internet não-hierárquica, sua “estrutura comunicacional é coordenativa”. E sendo descentralizada, também não há cobrança para que os agentes de informação identifiquem sua identidade geográfica. Estes agentes são, ao mesmo tempo, emissores e receptores, e a “manipulação de informações e ações pode ser feita remotamente” (Idem: 28-29).
Na Internet, no espaço da Web, que é multimidiático, são agregadas muitas outras mídias e tecnologias, mas que são incompreensíveis fora das relações onde estão inseridas. A este conjunto chamaremos de dispositivos, tomando como base a definição de PERAYA
“Um dispositivo é uma instância, um local social de interação e de cooperação que possui suas intenções, seu funcionamento material e simbólico, enfim, seus modos de interações próprios. A economia de um dispositivo – seus funcionamentos – determinado pelas intenções, se apóia sobre a organização estruturada dos meios materiais, tecnológicos, simbólicos e relacionais que modelam, a partir de suas características próprias, os comportamentos e as condutas sociais (afetivas e relacionais), cognitivas, comunicativas dos sujeitos” (s.d.).
Dentro desse espaço que não se limita às barreiras geográficas e culturais, podemos enumerar diversos dispositivos, entre eles o já citado: lista de discussões, que marca as comunidades virtuais. Seguindo o modelo de Peraya (s.d.), de “dispositivo de formação e de comunicação”, que teria diferentes dimensões: “as formas de representação da informação e dos conhecimentos – no sentido de formas simbólicas e semióticas –, formas de difusão, de apresentação, de produção e de recepção das mesmas”.
É dentro deste contexto teórico que queremos estudar a Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, tendo como objeto a construção de sentido que realiza através da Internet, como comunidade virtual, nas dimensões do discurso em produção, da tecnologia midiática e dos aspectos contextuais semio-discursivos. Como o nosso recorte são as interações da REDE midiatizadas pela Internet, trabalharemos com o conceito de “dispositivo de formação e de comunicação” de PERAYA (s.d.), por identificar a Internet como mídia que constitui lugares de interação (os dispositivos midiatizados) que possuem características e funcionamento material e simbólicos próprios. Dessa maneira, este conceito pode ser aplicado à Lista de discussão (comunicalist@rebidia.org.br) da REDE.
Buscaremos também trabalhar a inter-relação entre comunicação/educação, visto que a REDE tem, como um de seus papéis, promover a capacitação em comunicação nos diversos níveis da Pastoral da Criança. Todos os membros das coordenações estaduais que a compõem, são produtores e animadores culturais, jornalistas, comunicadores e atores, identificados, portanto, dentro do perfil de “educomunicador”, conceito desenvolvido por Ismar O. Soares (http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html). Segundo Soares, o conceito surge nessa inter-relação e encontra três possíveis materializações: educação para a comunicação; mediação tecnológica na educação e gestão processos de comunicação. Nestas três áreas, a REDE atua seja no nível nacional, estadual ou diocesano. Contudo, vale ressaltar, não vamos nos centrar no tema da “educomunicação”, mas em como ele pode contribuir para a análise do discurso pedagógico, construído na medida em que a REDE articula e elabora produtos educomunicativos.
Análise de dados
A análise de protocolos de interações gravados, depoimentos e produtos educomunicativos será realizada através da Análise do Discurso, dentro de uma perspectiva qualitativa que possibilite ver as relações entre aspectos institucionais e enunciação. Ou seja, perceber se os textos produzidos no dispositivo midiatizado “Lista de discussão”, vistos como discurso (organizacional, pedagógico e informativo), apontam as posições discursivas do sujeitos interagentes (de diálogo, descrição, argumentação ou retórica) em relação aos possíveis conteúdos presentes na interdiscursividade (saúde das crianças, autonomia, mobilização social, mística/promoção humana, capacitação dos agentes, cidadania).
Para Silva (1997: 253), ao desejar fazer uma análise de discurso, o pesquisador deve ter consciência de que estará realizando uma desconstrução, “nem que seja para reconstruir o sentido sob a forma de um novo enunciado, um metadiscurso”. Em se tratando do nosso objeto, que envolve um dispositivo midiatizado marcado pelas características da digitalidade, interface e interatividade, é importante se ater às considerações de Silva, quando diz que:
“neste momento, convém lembrar que as condições de produção dos discursos têm mudado, frente ao paradigma da interatividade eletrônica, hoje uma marca própria do jornalismo digital” (1997: 254).
E se na Internet ou, mais especificamente, na lista de discussão, “os agentes de informação [...] são, concomitantemente, emissores e receptores” (DUARTE, 1999: 28), é preciso “lembrar que o sentido não está em qualquer lugar, mas se constitui sempre numa relação entre sujeitos e textos sociais” (NETO, 1995: 11). Neste caso,
“O sentido, graças o funcionamento dos dispositivos de enunciação, não é nem objetivo nem subjetivo. Mas se trata de uma relação complexa entre produção/recepção, espécie de um intercâmbio discursivo complexo, constituído de gramáticas distintas” (Idem: 11).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APARICI, Roberto. (1999) Ensino, multimídia e globalização. In CCA-ECA-USP. (1999) Revista Comunicação e Educação. São Paulo: nº 14 (jan./abr), Eca-USP/Moderna.
BECKER, Howard S. (1999) Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: 4ª ed., Hucitec.
CASTELLS, Manuel. (2000) O poder da identidade. São Paulo: 2ª ed., Paz e Terra.
DUARTE, Fábio. (1999) Democracia no território digital. In CCA-ECA-USP. (1999) Revista Comunicação e Educação. São Paulo: nº 14 (jan./abr), Eca-USP/Moderna.
GOHN, Maria da Glória. (1997) Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola.
MATTELART, Armand & Michèle. (1999) Histórias das teorias da comunicação. São Paulo: 2ª ed., Loyola.
NETO, Antônio Fausto. (1995) O outro telejornal: condições de recepção das informações televisivas. In IV Encontro anual da Compós – Grupo de Trabalho Televisão e Audiência. Brasília.
PERAYA, Daniel. (s.d.) Das mídias aos campus virtuais: um quadro de análise dos dispositivos de formação e de comunicação midiatizadas. TECFA, Université de Genéve, Suisse (tradução de Jairo Ferreira - Unisinos).
RABELO, Desirée. (1999) Estratégia comunicativa da Pastoral da Criança. Trabalho apresentado no III Encontro Lusófono de Ciências da Comunicação, na Universidade de Braga, Portugal.
SERRA, Artur e NAVARRO, Leandro (s.d.) Community Networks, La sociedad civil, protagonista de la era digital. (http://cat.isoc.org/prensa/bcnet2.html).
SERRA, Artur. (s.d) Redes ciudadanas: construyendo nuevas sociedades de la era digital. Revista do Terceiro Setor (http://notitia.rits.org.br/).
SILVA, Luis Martins. (1997) Imprensa, discurso e interatividade. In MOUILLAUD, Maurice e PORTO, Sérgio Dayrell (org.). (1997) O jornal: da forma ao sentido. Brasília: Paralelo 15.
SOARES, Ismar de Oliveira. (s.d.) Comunicação/Educação: emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais. Site do Núcleo de Educação da USP (http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html).
TORO, A. José Bernardo & WERNECK, Nízia. (1997) Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Recursos Humanos e Amazônia Legal, Secretaria dos Recursos Humanos, Associaçao Brasileira de Ensino Agrícola Superior, Unicef.
CEPAT INFORMA (agosto 1999) Informativo do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT. Curitiba: Ano 5, nº 53.
REDE DE INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SETOR – RITS. Organizações da Sociedade civil. (http://idac.rits.org.br/idac_jan_em3.html).
Título: A Internet na gestão dos movimentos sociais: Estudo de caso das estratégias discursivas da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança
Autor: Juciano de Sousa Lacerda
Instituição: Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos – São Leopoldo – RS.
Resumo: O objetivo central desta proposta de pesquisa é compreender as diferentes estratégias de apropriação e gestão da mídia internet, no contexto da sociedade da informação, por parte dos movimentos sociais e ONGs, a partir das práticas comunicacionais promovidas pela Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança.. Tendo em vista compreender até que ponto a Internet contribui na consecução dos objetivos de comunicação da REDE – constituindo-se um lugar de construção de conhecimento, de tomada de decisões e de elaboração de estratégias de comunicação para os públicos interno e externo da Pastoral da Criança – e mesmo como a REDE a utiliza – profissionalmente ou não – em suas práticas sociais.
Endereço: Juciano de Sousa Lacerda
Rua Gomes Portinho, 163
Jardim América – São Leopoldo – RS
E-mail: juciano@yahoo.com
[1] Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
[2]Uma organização não-governamental (ONG) presente em 3.277 municípios de todos os estados brasileiros, que acompanha mais de 1,6 milhão de gestantes e crianças menores de 6 anos de idade em bolsões de pobreza e miséria
[3] Community Networks, La sociedad civil, protagonista de la era digital. C.f. http://cat.isoc.org/prensa/bcnet2.html.Traduzido do espanhol por Lacerda
Estudo de caso das estratégias discursivas da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança
Juciano de Sousa Lacerda[1]
Na era da globalização, não basta realizar atividades concretas de cidadania, é preciso estar presente no imaginário social. Os diversos campos sociais elaboram estratégias para estarem presentes na mídia, porta-voz desta era. Os movimentos sociais e Organizações Não-Governamentais buscam essa visibilidade midiática como maneira de pressionar governos, partidos políticos e o mercado em relação à agenda social global. Ao mesmo tempo em que conseguem realizar essa pressão, projetam-se no espaço social e ganham em credibilidade, ao mostrar maior transparência administrativa na gestão de recursos financeiros. Maria da Glória Gohn identifica essa realidade em sua Teoria dos Movimentos Sociais.
“O tempo se altera em função dos novos meios de comunicação. A mídia, principalmente a TV e os jornais da grande imprensa, passa a ser um grande agente de pressão social, uma espécie de quarto poder, que funciona como termômetro do poder de pressão dos grupos que têm acesso àqueles meios. As Organizações Não-Governamentais, por sua vez, ganham proeminência sobre as instituições oficiais quanto à confiabilidade na gerência dos recursos públicos” (GOHN, 1997: 296).
Ela lembra ainda que, nos anos 90, as ONGs passam a ter infra-estruturas próprias e a contar com microcomputadores e redes de Internet (1997: 315). Esta mídia configurou-se como grande aliada dos movimentos sociais. Aqui vale lembrar o caso de Seattle, em novembro de 1999, quando os movimentos sociais levaram ao fracasso a “Rodada do Milênio” realizada pela Organização Mundial do Comércio. Naquele momento, dois instrumentos amplamente utilizados pelos movimentos sociais foram celulares e a Internet.
“A notícia se difundiu com rapidez pela cidade e por todo o EUA. De imediato se organizaram várias festas. A principal delas, que reuniu milhares de pessoas, aconteceu em frente ao presídio King Country onde permaneciam presos aproximadamente 30 manifestantes” (CEPAT, nº 57, 1999: 10).
Estratégico também foi o modo como os guerrilheiros Zapatistas, de Chiapas, México, que lutavam contra as condições impostas ao seu país pelo Acordo Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA), utilizaram a mídia Internet para divulgar suas idéias, o que causou um movimento internacional de opinião pública obrigando o presidente mexicano, Carlos Salinas de Gortari, a declarar o cessar fogo e negociar (CASTELLS, 2000: 97-108).
Esse potencial pode ter seu uso estratégico ampliado dentro da sociedade civil, com a participação de comunicadores que reconheçam seu papel social na Sociedade da Informação. Caso contrário, como dispositivo midiático, a Internet pode tornar-se um instrumento de comunicação de massa monopolizado como o são hoje as empresas da indústria cultural e do entretenimento, vide os grandes portais (no Brasil UOL, Globo.com, Terra, AOL) que querem reproduzir o monopólio cultural que já exercem no espaço da mídia tradicional. Os avanços tecnológicos da nova mídia correm um grande risco de serem desenvolvidos tendo em vista somente estratégias comerciais transnacionais – como o comércio eletrônico (e-commerce) entre empresas (bussiness to bussiness) ou usuários – e a expansão dos grandes grupos que atuam na área da comunicação tradicional e da telefonia. Assim sendo, amplia-se a exclusão social, levantando a dura possibilidade de deixar de fora desse processo da Sociedade da Informação povos inteiros e países atrasados tecnologicamente.
“Os 20% mais ricos da população mundial controla (sic) 93% dos acessos à rede mundial. (...) Duas das grandes esperanças para reduzir esta desigualdade – a Internet e a globalização – estão, no momento, conseguindo o efeito contrário ao agravar a brecha.” (CEPAT, nº 53, 1999: 41-42).
. Estamos diante de uma nova forma de sociedade, a sociedade em rede, marcada por uma “cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado” (CASTELLS, 2000: 17). Dentro desta realidade, Castells define movimentos sociais como “ações coletivas com um determinado propósito cujo resultado, tanto em caso de sucesso como de fracasso, transforma os valores e instituições da sociedade” (Idem: 20). Na sociedade civil, a formação dos grupos sociais, em nosso caso ONGs e movimentos sociais, se dá por identidade, que nem sempre é territorial, mas cujos propósitos, sejam de “resistência" ou de “projeto” (Idem: 24), fazem transpor limites geográficos.
Na configuração da sociedade em rede, é necessário compreender as diferentes estratégias de apropriação e gestão da mídia internet, no contexto da sociedade da informação, por parte dos movimentos sociais e ONGs. Assim sendo, estabelecemos o caso específico de um movimento social, a Rede de Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança (RBCSC), em que a Internet, em sua face midiática ou multimidiática, configura-se como um importante meio de gestão da comunicação e mobilização entre participantes, públicos-alvo e gerenciamento de ações na comunicação de massa, macro e micro-comunicação. A RBCSC, que a partir de agora denominaremos REDE, atua junto à ONG Pastoral da Criança[2], organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
O foco de investigação
A partir da perspectiva apresentada, nos propomos a estudar a Internet, em suas diversas possibilidades tecno-multimidiáticas (o rádio, o impresso e a imagem na web, e-mail, e-commerce, chat, newsgroups, listas de discussão, etc.), dentro do contexto sócio-cultural dos movimentos sociais e ONGs, tendo como estudo de caso a Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, da Pastoral da Criança, buscando compreender as estratégias e seu papel na gestão, mobilização e expressão do que se constitui como Terceiro Setor, na perspectiva de entender a Internet como mídia no que se configura hoje como Sociedade da Informação. Parece claro, como diz SERRA & NAVARRO, que do ponto de vista tecnológico a unidade básica da Sociedade da Informação, são os bits, peça nuclear do novo sistema técnico. Porém qual é a célula básica do ponto de vista social? Podemos dizer que são as demandas sócio-tecnológicas geradas nas trocas simbólicas dentro do espaço social, e aqui citamos a sociedade civil organizada, que influenciam na geração de novas infra-estruturas tecnológicas. Mas somente construindo um conhecimento sobre essas trocas simbólicas e demandas sócio-tecnológicas é que vamos legitimar as novas tecnologias da comunicação e da informação, neste caso a Internet, nos contextos sócio-culturais dos movimentos sociais e ONGs. E para isso, vemos como um caminho possível, analisar o modo como se processa entre os comunicadores da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança a apropriação da Internet na elaboração de estratégias e construção de conhecimento enquanto movimento social, na forma de comunidade virtual.
E apesar de a Internet ser uma mídia estratégica como espaço público de informação, de fortalecimento de laços de identidade, a sub ou má-utilização de suas potencialidades tem gerado problemas para a comunicação da REDE, que também se estende a outras práticas similares. São mensagens indesejadas e spams, com conteúdo particular mas enviada para todos (for ou reply all), duplicadas ou triplicadas, com vírus, por não haver critérios de gerenciamento da informação. Entre seus membros também encontramos muitos que têm dificuldades em gerenciar os dispositivos midiáticos da Internet como o e-mail, o chat e o ICQ, porque não há dentro da prática comunicacional da REDE uma preparação anterior que introduza o participante nesse processo de comunicação em rede via Internet. No caso do e-mail, dispositivo chave para uma lista de discussão, a falta de habilidade ou interesse em envolver-se com a tecnologia leva integrantes da REDE a enviar mensagens curtas sobrecarregadas de lixo (lista de endereços e mensagens anteriores, códigos irrecuperados etc.). Também há casos em que arquivos anexos não chegam ao destinatário ou, quando chegam, trazem falhas internas de attachment, o que impede seu uso nas ações estratégias de comunicação da REDE. Fatos como esses já chegaram a fazer com que pessoas pedissem para que seu e-mail fosse excluído de outra lista de discussão, a da Rede de Brasileira de Jovens Comunicadores, da União Cristã Brasileira de Comunicação. A REDE não foge a essa regra e, em vez de ganhar estrategicamente com o uso da Internet na articulação de suas atividades de comunicação, corre o risco de continuar sub-utilizando a Internet e acabar desmobilizando seus integrantes no campo das relações (afetivo) e das ações na área do Rádio, Assessoria e Mobilização e Comunicação Pessoal e Grupal (efetivo).
Diante disso, queremos analisar as estratégias de utilização da Internet pela REDE, a partir de uma perspectiva crítica, buscando, inclusive, apontar caminhos em relação à prática atual. Ao estudar a Rede de Comunicadores a partir da construção de sentido que realiza através da Internet, o nosso recorte se dará em três dimensões: do discurso em produção, da tecnologia midiática e dos aspectos contextuais semio-discursivos. No âmbito da produção, abordaremos as relações entre aspectos institucionais e enunciação, ou seja, a produção do discurso recortada pelos aspectos institucionais que regem a prática da Pastoral da Criança (saúde das crianças, autonomia, mobilização social, mística/promoção humana, capacitação dos agentes, cidadania). Na dimensão tecnológica, analisaremos a Internet tomando como referência principal a Lista de Discussão da Rede (comunicalist@rebidia.org.br), a partir da noção de “dispositivo midiático”, contida no conceito de comunicação mediatizada (PERAYA, s.d.). Quanto aos aspectos contextuais semio-discursivos, elegemos a tematização (os conteúdos presentes na interdiscursividade) e a forma discursiva (se é dialógica, descritiva, argumentativa ou retórica).
Dentro deste recorte, queremos perceber as interações midiatizadas pela Internet como forma de produzir sentido capaz de romper com a dicotomia produção/recepção imposta a veículos como o Rádio e TV pelos agentes culturais e gestores de comunicação/educação ligados aos movimentos sociais (SOARES in http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html). Nesta perspectiva, trabalhamos com a hipótese de que o discurso produzido pela Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança é tensionado pela compreensão que os participantes têm da “economia” do dispositivo midiático “lista de discussão” e de estar em rede via Internet.
Assim, vamos estudar o discurso organizacional, pedagógico e informativo da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança e suas relações quanto à tematização e a forma como se apresentam os discursos a partir do dispositivo midiático “Lista de discussão”. O discurso organizacional através das relações entre a forma e a temática da autonomia e a da mística/promoção humana. O discurso pedagógico da REDE através das relações entre a forma discursiva e a temática da capacitação dos agentes e das ações básicas de saúde da criança. E o discurso informativo através das relações entre forma discursiva construída na enunciação e a temática da mobilização social e a da cidadania na REDE.
O balanço da REDE
Mais de 500 voluntários, entre jornalistas, relações públicas, radialistas, artistas e comunicadores populares, participam da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, presente em 25 estados brasileiros. As atividades estão divididas em três áreas: rádio, assessoria e mobilização social e comunicação pessoal e grupal, dentro do modelo de comunicação pensado por José Bernardo Toro A. (1997: 55-63) para o processo de mobilização social (comunicação de massa, macro e micro). Nessas três linhas de ação, um dos objetivos é capacitar membros das equipes locais (dioceses e paróquias), para que munidos das informações mais relevantes de seu contexto possam socializar as informações da comunidade. Outro objetivo da REDE é atuar junto aos meios hegemônicos de comunicação, negociando a abertura de espaços para que a ação comunitária tenha visibilidade social, ou seja, dar legitimidade social à ação das líderes que estão na base. Em contrapartida, a Pastoral da Criança oferece aos comunicadores reciclagem profissional nas diferentes áreas da comunicação. Contudo não é só a possibilidade de reciclagem que motiva ou gera identidade no trabalho da RBCSC, mas a forma de organização e mobilização social da Pastoral da Criança e os resultados sociais alcançados.
A REDE é coordenada pela equipe de assessores de comunicação da coordenação nacional da Pastoral da Criança, formada por três jornalistas, que atuam na sede, em Curitiba (PR). Em quase todos os Estados do Brasil (atualmente 25, do 27 da Federação) há um representante estadual para Rádio, outro para Assessoria e Mobilização e um outro para Comunicação Pessoal e Grupal. Estes, com a equipe de assessores, formam a coordenação nacional da REDE. Por sua vez, seguindo o modelo de divisão da Igreja Católica, os coordenadores estaduais de cada área e os comunicadores das dioceses formam a REDE estadual. E os coordenadores diocesanos, junto com os comunicadores paroquiais, formam a REDE diocesana.
Dentro desse processo sócio-cultural da REDE, a Internet, a mais recente das mídias incorporadas pela Pastoral da Criança, é estratégica por facilitar o amplo contato entre seus interlocutores, principalmente, no nível nacional/estadual. Isso possibilita o envio de matérias para o Jornal da Pastoral da Criança, pautas para o Viva a Vida, o agendamento de encontros, eventos e coberturas jornalísticas, a discussão sobre a produção de subsídios para formação e, também, a aproximação entre os membros da REDE, que compartilham experiências de vida, alegrias e decepções com os demais companheiros.
A Pastoral da Criança investiu na informatização de todos os seus dados e, em parceria com outras instituições (Fundação Grupo Esquel do Brasil e Fundação Fé e Alegria do Brasil/AMEPPE), criou a REBIDIA - Rede Brasileira de Informação e Documentação sobre Infância e Adolescência (www.rebidia.org.br). Trata-se de um sistema descentralizado de documentação e informação sobre infância e adolescência, gerenciado por uma rede de organizações não-governamentais. No site da Rebidia, que segundo Rabelo (1999) se configura como mídia de comunicação macro, podem ser acessados dados sobre demonstrações financeiras, o relatório da situação de Abrangência, ações básicas, números da mortalidade infantil, rede de amigos, Rede de Comunicadores, publicações da Pastoral, o Jornal da Pastoral da Criança, serviço de busca de estatísticas por municípios e dioceses, endereços, número de conta bancária para doações, informações sobre a participação da Pastoral no programa Criança Esperança (Rede Globo) e apoios. Os textos estão em três versões: português, inglês espanhol.
É claro que não se pode deixar o papel de toda a gestão de um movimento social e o fortalecimento de seus laços identitários para a Internet. Em matéria publicada na Revista do Terceiro Setor (www.rits.org.br), com título Rede Temática sobre Violência, Justiça e Cidadania, a monitora de Educação Comunitária do Programa de Redes Sociais do SENAC-SP, Lourdes Alves, ressalta a importância da participação física dos agentes: “A base é presencial: o virtual é importante, mas para organizar”. Dentro dessa perspectiva, os membros da REDE realizam um encontro anual para avaliação e proposição de metas. Os que estão mais próximos se encontram quando vão ministrar capacitações em Estados vizinhos. Mas durante todo o resto do ano, comunicam-se por telefone, fax, correio e, principalmente, por e-mail, através de uma lista de discussão, a comunicalist@rebidia.org.br.
Entretanto, nosso estudo não pretende se limitar ao uso técnico das tecnologias proporcionadas pela multiface e hipertextualidade da Internet, uma vez que a
“Internet não se resume aos protocolos TCP-IP. É uma comunidade de comunidades em si mesma. Os protocolos são utilizados para se existir na Internet, para estar na rede. As empresas querem ‘estar’ na Internet. As organizações querem uma presença na rede. Este novo lugar da Internet como praça pública digital é a que atrai o interesse da indústria por fazer uma revolução das infra-estruturas, não o contrário. É a Internet como um fenômeno sócio-tecnológico que está forçando a busca por estabelecer uma nova infra-estrutura de informação” (SERRA & NAVARRO, s.d.).[3]
Lugares de interação
Com o advento das novas tecnologias em comunicação e o grande desenvolvimento dos aparatos tecnológicos, elementos que puderam originar a chamada Sociedade da Informação, pensamos ser necessário compreender esta construção ideológica dentro do novo espaço social gerado por esta sociedade: o ciberespaço. É este novo lugar, proporcionado pela comunicação em rede, que faz surgir os ciberlugares, os territórios digitais, que geram as comunidades virtuais, lugar onde se confundem sujeitos simbólicos produtores de sentido e que reduz a distância entre emissão e recepção, no que se pode chamar de interatividade. Neste contexto surge a “cultura digital”, que “define em síntese, o novo contexto tecnológico das sociedades onde a informática joga um papel paradigmático, através de procedimentos...” em que “a informação numérica, visual, textual, gráfica etc. pode ser recolhida, armazenada, processada e transmitida em um mesmo formato digital, o que significa sua estandardização perfeita” (APARICI, 1999: 57).
Neste período de intensas e surpreendentes transformações tecnológicas, vemos a reestruturação do capitalismo e o fortalecimento da sociedade civil, representada pelos movimentos sociais e ONGs. É neste panorama que se configura a transição para a “Sociedade em Rede”, cuja configuração é analisada por Manuel Castells.
“Essa sociedade é caracterizada pela globalização das atividades econômicas decisivas do ponto de vista estratégico; por sua forma de organização em redes; pela flexibilidade e instabilidade do emprego e a individualização da mão-de-obra. Por uma cultura de virtualidade real construída a partir de um sistema de mídia onipresente, interligado e altamente diversificado. E pela transformação das bases materiais da vida – o tempo e o espaço – mediante a criação de um espaço de fluxos e de um tempo intemporal como expressões das atividades e elites dominantes” (2000: 17).
Dentro dessa sociedade em rede, a organização da sociedade civil se distancia da identidade “legitimadora” do estado em direção a identidades de “resistência” e de “projeto” (Castells, 2000). Vemos, então, que
“a multiplicação de formas de comunicação, acionadas pelas organizações não-governamentais ou por outras associações da sociedade civil, constitui outra realidade inédita do processo de mundialização; essas novas redes sociais passam a fazer parte do debate sobre a possibilidade de um espaço público em escala planetária. Em todas as latitudes, a problemática da transformação do espaço público nacional e internacional, tende, aliás, a ocupar lugar de destaque nas abordagens críticas inspiradas pela sociologia, pela ciência política e pela economia política” (MATTELART, 1999: 170).
Territórios e dispositivos digitais
Para Duarte (1999: 28), o “ciberespaço” torna possível a criação de “ciberlugares”, que são independentes de posições geográficas. Neste caso é a identidade que faz as pessoas de diferentes lugares se aproximarem através da Internet.
“Um exemplo marcante de ciberlugares é a formação de comunidades virtuais, pessoas que se conectam, formam grupos de discussão, trocam informações, enfim, aproximam-se por afinidades que não ligadas a suas localizações geográficas. Vivem, comunicam-se, trocam experiências em territórios digitais. [...] No caso das comunidades do ciberespaço, esse território é construído através de afinidades distintas das que formam os territórios com dependência geográfica e/ou política” (DUARTE, 1999: 28)
Ele acrescenta que sendo a Internet não-hierárquica, sua “estrutura comunicacional é coordenativa”. E sendo descentralizada, também não há cobrança para que os agentes de informação identifiquem sua identidade geográfica. Estes agentes são, ao mesmo tempo, emissores e receptores, e a “manipulação de informações e ações pode ser feita remotamente” (Idem: 28-29).
Na Internet, no espaço da Web, que é multimidiático, são agregadas muitas outras mídias e tecnologias, mas que são incompreensíveis fora das relações onde estão inseridas. A este conjunto chamaremos de dispositivos, tomando como base a definição de PERAYA
“Um dispositivo é uma instância, um local social de interação e de cooperação que possui suas intenções, seu funcionamento material e simbólico, enfim, seus modos de interações próprios. A economia de um dispositivo – seus funcionamentos – determinado pelas intenções, se apóia sobre a organização estruturada dos meios materiais, tecnológicos, simbólicos e relacionais que modelam, a partir de suas características próprias, os comportamentos e as condutas sociais (afetivas e relacionais), cognitivas, comunicativas dos sujeitos” (s.d.).
Dentro desse espaço que não se limita às barreiras geográficas e culturais, podemos enumerar diversos dispositivos, entre eles o já citado: lista de discussões, que marca as comunidades virtuais. Seguindo o modelo de Peraya (s.d.), de “dispositivo de formação e de comunicação”, que teria diferentes dimensões: “as formas de representação da informação e dos conhecimentos – no sentido de formas simbólicas e semióticas –, formas de difusão, de apresentação, de produção e de recepção das mesmas”.
É dentro deste contexto teórico que queremos estudar a Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança, tendo como objeto a construção de sentido que realiza através da Internet, como comunidade virtual, nas dimensões do discurso em produção, da tecnologia midiática e dos aspectos contextuais semio-discursivos. Como o nosso recorte são as interações da REDE midiatizadas pela Internet, trabalharemos com o conceito de “dispositivo de formação e de comunicação” de PERAYA (s.d.), por identificar a Internet como mídia que constitui lugares de interação (os dispositivos midiatizados) que possuem características e funcionamento material e simbólicos próprios. Dessa maneira, este conceito pode ser aplicado à Lista de discussão (comunicalist@rebidia.org.br) da REDE.
Buscaremos também trabalhar a inter-relação entre comunicação/educação, visto que a REDE tem, como um de seus papéis, promover a capacitação em comunicação nos diversos níveis da Pastoral da Criança. Todos os membros das coordenações estaduais que a compõem, são produtores e animadores culturais, jornalistas, comunicadores e atores, identificados, portanto, dentro do perfil de “educomunicador”, conceito desenvolvido por Ismar O. Soares (http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html). Segundo Soares, o conceito surge nessa inter-relação e encontra três possíveis materializações: educação para a comunicação; mediação tecnológica na educação e gestão processos de comunicação. Nestas três áreas, a REDE atua seja no nível nacional, estadual ou diocesano. Contudo, vale ressaltar, não vamos nos centrar no tema da “educomunicação”, mas em como ele pode contribuir para a análise do discurso pedagógico, construído na medida em que a REDE articula e elabora produtos educomunicativos.
Análise de dados
A análise de protocolos de interações gravados, depoimentos e produtos educomunicativos será realizada através da Análise do Discurso, dentro de uma perspectiva qualitativa que possibilite ver as relações entre aspectos institucionais e enunciação. Ou seja, perceber se os textos produzidos no dispositivo midiatizado “Lista de discussão”, vistos como discurso (organizacional, pedagógico e informativo), apontam as posições discursivas do sujeitos interagentes (de diálogo, descrição, argumentação ou retórica) em relação aos possíveis conteúdos presentes na interdiscursividade (saúde das crianças, autonomia, mobilização social, mística/promoção humana, capacitação dos agentes, cidadania).
Para Silva (1997: 253), ao desejar fazer uma análise de discurso, o pesquisador deve ter consciência de que estará realizando uma desconstrução, “nem que seja para reconstruir o sentido sob a forma de um novo enunciado, um metadiscurso”. Em se tratando do nosso objeto, que envolve um dispositivo midiatizado marcado pelas características da digitalidade, interface e interatividade, é importante se ater às considerações de Silva, quando diz que:
“neste momento, convém lembrar que as condições de produção dos discursos têm mudado, frente ao paradigma da interatividade eletrônica, hoje uma marca própria do jornalismo digital” (1997: 254).
E se na Internet ou, mais especificamente, na lista de discussão, “os agentes de informação [...] são, concomitantemente, emissores e receptores” (DUARTE, 1999: 28), é preciso “lembrar que o sentido não está em qualquer lugar, mas se constitui sempre numa relação entre sujeitos e textos sociais” (NETO, 1995: 11). Neste caso,
“O sentido, graças o funcionamento dos dispositivos de enunciação, não é nem objetivo nem subjetivo. Mas se trata de uma relação complexa entre produção/recepção, espécie de um intercâmbio discursivo complexo, constituído de gramáticas distintas” (Idem: 11).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APARICI, Roberto. (1999) Ensino, multimídia e globalização. In CCA-ECA-USP. (1999) Revista Comunicação e Educação. São Paulo: nº 14 (jan./abr), Eca-USP/Moderna.
BECKER, Howard S. (1999) Métodos de pesquisa em ciências sociais. São Paulo: 4ª ed., Hucitec.
CASTELLS, Manuel. (2000) O poder da identidade. São Paulo: 2ª ed., Paz e Terra.
DUARTE, Fábio. (1999) Democracia no território digital. In CCA-ECA-USP. (1999) Revista Comunicação e Educação. São Paulo: nº 14 (jan./abr), Eca-USP/Moderna.
GOHN, Maria da Glória. (1997) Teoria dos movimentos sociais: paradigmas clássicos e contemporâneos. São Paulo: Loyola.
MATTELART, Armand & Michèle. (1999) Histórias das teorias da comunicação. São Paulo: 2ª ed., Loyola.
NETO, Antônio Fausto. (1995) O outro telejornal: condições de recepção das informações televisivas. In IV Encontro anual da Compós – Grupo de Trabalho Televisão e Audiência. Brasília.
PERAYA, Daniel. (s.d.) Das mídias aos campus virtuais: um quadro de análise dos dispositivos de formação e de comunicação midiatizadas. TECFA, Université de Genéve, Suisse (tradução de Jairo Ferreira - Unisinos).
RABELO, Desirée. (1999) Estratégia comunicativa da Pastoral da Criança. Trabalho apresentado no III Encontro Lusófono de Ciências da Comunicação, na Universidade de Braga, Portugal.
SERRA, Artur e NAVARRO, Leandro (s.d.) Community Networks, La sociedad civil, protagonista de la era digital. (http://cat.isoc.org/prensa/bcnet2.html).
SERRA, Artur. (s.d) Redes ciudadanas: construyendo nuevas sociedades de la era digital. Revista do Terceiro Setor (http://notitia.rits.org.br/).
SILVA, Luis Martins. (1997) Imprensa, discurso e interatividade. In MOUILLAUD, Maurice e PORTO, Sérgio Dayrell (org.). (1997) O jornal: da forma ao sentido. Brasília: Paralelo 15.
SOARES, Ismar de Oliveira. (s.d.) Comunicação/Educação: emergência de um novo campo e o perfil de seus profissionais. Site do Núcleo de Educação da USP (http://www.eca.usp.br/nucleos/nce/perfil_ismar.html).
TORO, A. José Bernardo & WERNECK, Nízia. (1997) Mobilização Social: um modo de construir a democracia e a participação. Brasília: Ministério do Meio Ambiente, Recursos Humanos e Amazônia Legal, Secretaria dos Recursos Humanos, Associaçao Brasileira de Ensino Agrícola Superior, Unicef.
CEPAT INFORMA (agosto 1999) Informativo do Centro de Pesquisa e Apoio aos Trabalhadores – CEPAT. Curitiba: Ano 5, nº 53.
REDE DE INFORMAÇÕES SOBRE O TERCEIRO SETOR – RITS. Organizações da Sociedade civil. (http://idac.rits.org.br/idac_jan_em3.html).
Título: A Internet na gestão dos movimentos sociais: Estudo de caso das estratégias discursivas da Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança
Autor: Juciano de Sousa Lacerda
Instituição: Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos – Unisinos – São Leopoldo – RS.
Resumo: O objetivo central desta proposta de pesquisa é compreender as diferentes estratégias de apropriação e gestão da mídia internet, no contexto da sociedade da informação, por parte dos movimentos sociais e ONGs, a partir das práticas comunicacionais promovidas pela Rede Brasileira de Comunicadores Solidários à Criança.. Tendo em vista compreender até que ponto a Internet contribui na consecução dos objetivos de comunicação da REDE – constituindo-se um lugar de construção de conhecimento, de tomada de decisões e de elaboração de estratégias de comunicação para os públicos interno e externo da Pastoral da Criança – e mesmo como a REDE a utiliza – profissionalmente ou não – em suas práticas sociais.
Endereço: Juciano de Sousa Lacerda
Rua Gomes Portinho, 163
Jardim América – São Leopoldo – RS
E-mail: juciano@yahoo.com
[1] Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade do Vale do Rio dos Sinos - Unisinos
[2]Uma organização não-governamental (ONG) presente em 3.277 municípios de todos os estados brasileiros, que acompanha mais de 1,6 milhão de gestantes e crianças menores de 6 anos de idade em bolsões de pobreza e miséria
[3] Community Networks, La sociedad civil, protagonista de la era digital. C.f. http://cat.isoc.org/prensa/bcnet2.html.Traduzido do espanhol por Lacerda
1 comentário:
Nossa, foi uma boa surpresa ver um artigo meu reproduzido aqui. Estes dados de endereço estão ultrapassados, graças a Deus, risos. Mas se quiserem entrar em contato comigo, podem clicar no meu blog. Abraços e parabéns pelo blog!
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