Em entrevista recente concedida a Rui Matoso, Puig disse:
- Toda a cultura, toda a programação cultural, cujo objectivo não esteja ancorada no contexto concreto das cidades concretas (reais) e na melhoria das condições de vida intelectual dos cidadãos, não é cultura, é espectáculo! Eu sou um grande defensor dos espectáculos, claro! Precisamos de espectáculos de qualidade, no tipo de vida que levamos precisamos de distracções. Mas, de modo lato diria que tudo o que promove o pensamento é cultura, e tudo o que nos distrai é espectáculo, diversão. Precisamos das duas coisas obviamente.
- Eu comecei por trabalhar em Barcelona com os temas da animação sociocultural, que significa trabalhar com as pessoas e implicá-las nos processos. Depois chegou a era da gestão cultural, e acharam que tudo aquilo era muito popular, onde havia muita gente popular e anónima. Isso não lhes interessava, por isso sucumbiram ao glamour da gestão cultural. Criaram equipamentos, e muito bem, mas agora estão aborrecidos, sem dinheiro, sem saber o que fazer, pois já programaram de tudo. A gestão cultural funcionou sempre como distribuição de produtos e um difusor de artistas e de actividades, nunca colocou a tónica no pensamento. São cadeias de distribuição comercial de produtos que provoquem resultados imediatos, económicos ou mediáticos. Por isso, não colocam o assento na melhoria da qualidade de vida dos cidadãos.
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