09/06/2008
Com acesso à tecnologia, cada vez mais pessoas rompem com a rotina casa-emprego e vivem e trabalham de qualquer lugar
FILIPE PACHECO E LUCAS PRETTI
Até pouco tempo atrás, o café da Pinacoteca do Estado, com vista para o luxuriante Parque da Luz, em São Paulo, era o cenário ideal para passear, beber ou comer algo e descansar entre uma obra de arte e outra. Isso antes de ser ocupado por pessoas como a garota da foto ao lado. Sem ninguém perceber, ela transformou a Cafeteria em escritório, sala, biblioteca, loja de música, faculdade...
Soa estranho, mas a motivação da estudante de arquitetura Rita Wu, de 22 anos, é a mesma de um homem pré-histórico. Como há 6 mil anos, ela carrega ferramentas pessoais (laptop, celular, iPod) para garantir sua sobrevivência em qualquer lugar, sem criar raízes. Pessoas como Rita ganharam terminologia própria: nômades, a vanguarda digital que pode alterar para sempre a vida em sociedade.
O termo foi cunhado em abril pela revista britânica The Economist, umas das mais respeitadas do mundo. O conceito por trás desse novo nomadismo é o avanço da tecnologia em direção à mobilidade, que permite estarmos em qualquer lugar a partir de qualquer lugar. É justamente como vive Rita Wu.
Ela sai da faculdade e, quando precisa entregar projetos encomendados por escritórios de engenharia, vai ao museu “para se inspirar”. Chega ao jardim, conecta-se à internet sem fio e tem todas as pessoas de que precisa a um clique de distância. Também estão ao alcance seus outros trabalhos e a vastidão da web. Rita trabalha, conversa, estuda. Com o luxo de fazer tudo isso com as pernas literalmente para o ar, ouvindo os passarinhos.
Rita não é a única e muito menos exceção. Ainda não há levantamentos precisos sobre quantos são os novos nômades, mas estatísticas apontam crescimento exponencial de equipamentos móveis. No Brasil, de janeiro a março foram vendidos 644 mil notebooks, índice 165% superior ao do mesmo período de 2007, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).
A consultoria de telecomunicações Teleco estima que o País deve terminar 2008 com uma base de 146 milhões de celulares em operação – quase um por pessoa –, 21% a mais do que no ano passado. Os números mostram realmente que a mobilidade é uma tendência irreversível do século 21.
Esta edição do Link apresenta o nomadismo digital e mostra exemplos do novo estilo de vida propiciado pela conectividade full-time. Se quiser fazer parte do clube, também ensinamos a se equipar como um nômade e avaliamos onde se conectar pelas ruas de São Paulo. E, claro, mostramos mais pessoas como Rita.
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