domingo, 29 de junho de 2008

A Profissionalização da Alma


João Tovar
Quando se começa a falar em profissionalização numa determinada área de actividade, significa usualmente que estamos a meio caminho entre caos e estandardização. Durante os últimos vinte anos, as profissões ligadas às artes e cultura, duma forma geral, funcionavam quase como um gueto, suportado ao nível do ensino apenas por conservatórios, escolas de belas artes e pouco mais. Exemplos de algumas excepções incluíram o ARCO, a Cooperativa Árvore e a Escola Superior de Teatro e Cinema. E ao nível do estatuto profissional, legislação e condições materiais destas profissões, o panorama era pouco menos do que marginal. Nos últimos dez anos, o panorama tem vindo a inverter-se ao nível do ensino e formação, com o reforço do papel dos institutos politécnicos (um bom exemplo é o da ESAD integrada no Instituto Politécnico de Leiria) e o aparecimento de ofertas ao nível da formação profissional (ETIC e mais recentemente a Restart são claros exemplos, sem esquecer o esforço de várias associações culturais e artísticas). Mais recentemente, o declínio da população mais jovem e o processo de Bolonha estão também a obrigar a que as Universidades, em cursos desta área, se adaptem a um ensino mais ligado à comunidade e mais prático. Ao nível da profissionalização, o recente movimento pela melhoria das condições materiais de trabalho e de legislação já teve uma expressão marcada, e a intervenção dos profissionais ligados à cultura começa a ter peso e influência política (ao nível das políticas e da actuação dos ministros na área, p.e.). Um dos próximos passos será com certeza a criação de mais e melhores associações profissionais que funcionem, não só ao nível reivindicativo mas também pró-activas ao nível da formação, ligação a outras associações nacionais e internacionais, diálogo com o poder político e ainda relação com as empresas e comunidade em geral. Outros passos importantes serão a melhor definição e protecção do estatuto dos vários profissionais na área cultural, formação e ensino em constante diálogo e adaptação às verdadeiras necessidades e especificidades desta área e, nos próximos anos, melhorar as competências de gestão e comunicação cultural, permitindo assim a sustentabilidade financeira e a criação de novos públicos sem nunca perder espaço para a criação e a experimentação. Finalmente, falta apenas falar do essencial sobre a profissionalização que é a vocação. A cultura e arte dos povos sempre se fez por impulsos, vagas e reacções às normas e cristalizações da comunidade, começando muitas vezes marginalmente e por paixão e inconformismo. Seja na criação, produção, comunicação ou técnica, os verdadeiros profissionais e amadores da cultura movem-se por vocação, paixão e total empenho. Tudo o resto, incluindo a profissionalização, vem atrás. Eu diria portanto, que o que urge é a profissionalização da Alma.

João Tovar
Nasceu em 1967. Tem bacharelato em Cinema pela Escola Superior de Teatro e Cinema e cursou diversos workshops e seminários. A sua experiência profissional tem sido desenvolvida em várias funções nas áreas de televisão, publicidade e cinema. Entre 1998 e 2001 foi director das revistas Videoplus, Page e Áudio Profissional. Desde 1995 dá formação nas áreas de som, imagem, multimédia e eventos. Actualmente é director geral da Restart (desde 2003).

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Making Friends with Jarvis Cocker: Music Culture in the Context of Web 2.0


David Beer
York St John University, d.beer@yorksj.ac.uk

The movement toward what has been described as Web 2.0 has brought with it some significant transformations in the practices, organization and relations of music culture. The user-generated and web-top applications of Web 2.0 are already popular and widely used, the social networking site MySpace already having more than 130 million members worldwide. By focusing specifically upon the presence of the popular music performer Jarvis Cocker across various Web 2.0 applications, this article seeks to open up a series of questions and create opportunities for research into what is happening in contemporary music culture. This exploratory article lays out an agenda for research into music culture and Web 2.0 that is not only concerned with the implications of Web 2.0 for music, but which also attempts to understand the part played by music in making the connections that form the collaborative and participatory cultures of Web 2.0 and the flickering friendships of social networking sites.


Key Words: friendship • music • music culture • MySpace • social networking sites • Web 2.0 • Wikipedia • Youtube

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Grupo Renascença prepara empresa de entretenimento

23 de Junho de 2008, por Ana Marcela

O Grupo Renascença está a ultimar a constituição de uma nova área de negócio. A informação foi confirmada ao M&P por Luís Alvito, administrador com o pelouro do desenvolvimento de novos negócios. “Confirmo que o grupo Renascença está a desenvolver todos os esforços para criar uma nova empresa que irá trabalhar em novas áreas de negócio”, revela o responsável do grupo radiofónico, precisando, quando instado pelo M&P, que esta iria actuar na “área do entretenimento e formação”. O responsável escusou-se, todavia, a adiantar mais informação sobre o projecto, já que o mesmo se encontra numa fase de confirmação de registos comerciais e constituição de equipa, revelando apenas que, a manter-se o cronograma, o projecto deverá ser anunciado “em breve”.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Bem-vindo ao novo estilo de vida nômade

09/06/2008

PATRICIA SANTOS/AE
PERNAS PARA O AR - Para se inspirar em projetos arquitetônicos, a estudante Rita Wu se serve da vista (e da conexão Wi-FI) do Parque da Luz

Com acesso à tecnologia, cada vez mais pessoas rompem com a rotina casa-emprego e vivem e trabalham de qualquer lugar

FILIPE PACHECO E LUCAS PRETTI

Até pouco tempo atrás, o café da Pinacoteca do Estado, com vista para o luxuriante Parque da Luz, em São Paulo, era o cenário ideal para passear, beber ou comer algo e descansar entre uma obra de arte e outra. Isso antes de ser ocupado por pessoas como a garota da foto ao lado. Sem ninguém perceber, ela transformou a Cafeteria em escritório, sala, biblioteca, loja de música, faculdade...

Soa estranho, mas a motivação da estudante de arquitetura Rita Wu, de 22 anos, é a mesma de um homem pré-histórico. Como há 6 mil anos, ela carrega ferramentas pessoais (laptop, celular, iPod) para garantir sua sobrevivência em qualquer lugar, sem criar raízes. Pessoas como Rita ganharam terminologia própria: nômades, a vanguarda digital que pode alterar para sempre a vida em sociedade.

O termo foi cunhado em abril pela revista britânica The Economist, umas das mais respeitadas do mundo. O conceito por trás desse novo nomadismo é o avanço da tecnologia em direção à mobilidade, que permite estarmos em qualquer lugar a partir de qualquer lugar. É justamente como vive Rita Wu.

Ela sai da faculdade e, quando precisa entregar projetos encomendados por escritórios de engenharia, vai ao museu “para se inspirar”. Chega ao jardim, conecta-se à internet sem fio e tem todas as pessoas de que precisa a um clique de distância. Também estão ao alcance seus outros trabalhos e a vastidão da web. Rita trabalha, conversa, estuda. Com o luxo de fazer tudo isso com as pernas literalmente para o ar, ouvindo os passarinhos.

Rita não é a única e muito menos exceção. Ainda não há levantamentos precisos sobre quantos são os novos nômades, mas estatísticas apontam crescimento exponencial de equipamentos móveis. No Brasil, de janeiro a março foram vendidos 644 mil notebooks, índice 165% superior ao do mesmo período de 2007, segundo a Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee).

A consultoria de telecomunicações Teleco estima que o País deve terminar 2008 com uma base de 146 milhões de celulares em operação – quase um por pessoa –, 21% a mais do que no ano passado. Os números mostram realmente que a mobilidade é uma tendência irreversível do século 21.

Esta edição do Link apresenta o nomadismo digital e mostra exemplos do novo estilo de vida propiciado pela conectividade full-time. Se quiser fazer parte do clube, também ensinamos a se equipar como um nômade e avaliamos onde se conectar pelas ruas de São Paulo. E, claro, mostramos mais pessoas como Rita.